RSS Feed

GALERIA DO CRESCENTE FÉRTIL II

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

Mais desenhos da galera dos sextos B e C!

Começamos com três desenhos da Brenda F. (6°B). Todos eles trabalhando com temas egípcios. Caprichados e bem coloridos. Parabéns!




O próximo é um texto/desenho feito pela Gabriely (6°C). Os dois, texto e desenho, ficaram muito bons, não concordam? Os gatos eram realmente animais sagrados para os antigos egípcios. Gostei muito mesmo. =D



A Geovana (6°C) preferiu desenhar, inspirada na animação "A Rainha Sol", a esposa do Faraó Tutancâmon, Akesah. Olha só a peruca que ela fez na cabeça da dona! Além disso a Geovana não se esqueceu da maquiagem característica nos olhos. Os egípcios as faziam para se protegerem dos intensos raios solares. Show de bola!



Muito sol e grandes pirâmides com pontas douradas, essa é a representação do Egito antigo feita pela Heloísa (6°B). Direto no ponto! hehehe



A Lorraine quis fazer uma versão da imagem que aparece na capa de nosso livro didático (projeto Araribá). E o busto da rainha Nefertiti vai ficando cada vez mais bonito por meio da imaginação de cada criança que se coloca o desafio de redesenhá-la! Parabéns.. 



Nem egípcios, nem sumérios, o interesse do Leonardo I. (6° C) é pelos Assírios! Povo guerreiro e muito cruel da Mesopotâmia, os assírios não perdoavam os vizinhos mais fracos. Desenho genial, algo meio que "Davi e Golias"! 



Mas para não deixar de contribuir com a nossa egiptologia mirim, o Leonardo I. (6°C) também desenhou a estátua de um dos deuses do Egito antigo: Knoum-Amom. Parece que era um deus que gostava de chapéus!  



Gente, eu não sei de onde vem tanta imaginação! Olha só a situação em que o Henrique (6°C) meteu os egípcios antigos: numa guerra contra os TRANSFORMERS!!! Pelo jeito os egípcios estão levando a pior! Parece até que o Faraó se mijou todo... Coitado! Boa, Henrique. 



Mais uma vez o Henrique (6° C) demonstrando sua habilidade no desenho e seu interesse pelos dinossauros! Desta vez é o período Jurássico (compreendido entre 199 milhões e 600 mil e 145 milhões e 500 mil anos atrás).



Lorrany (6° B) investiu no clássico desenho de pirâmides para representar o Egito antigo. Apesar das poucas cores, seu desenho foi fiel à realidade já que as pirâmides eram pintadas de cal e tinham o topo folheado a ouro. Belo desenho!



Cores foi o que não faltou no desenho de Maria Claudia (6° C). O busto da rainha Nefertiti também lhe serviu de inspiração. Super desenho!



Não é só o Henrique que gosta de dinoussauros. O Paulo Júnior (6°C) também é um fã dos largatões do passado. Olha só que desenho maneiro que ele fez, tem até um vulcão em atividade no meio da imagem. Lá no céu podemos ver o cometa chegando. Ele iria acabar com a festa dos dinos de uma vez por todas. Literalmente, animal! 



A Vitória R. (6°C) nos presenteou com um belo desenho da pirâmide de Quéops em seu estado atual. Como podemos observar, a camada de revestimento branca já não mais existe, tampouco a ponta dourada. A Vitória acrescentou um texto explicando o porquê disso, confiram. Ótimo! Desenho e informações trabalhando juntos... Grande Vitória!



Olha só! A continuação dos quadrinhos sobre o Antigo Egito feitos pelo Paulo Vinícius (6°C). Só uma palavra: ÉPICO! Parabéns Paulo!!!

Comunidade no Orkut

Posted by Parcos Maulo Marcadores: ,

Participem de nossa comunidade no Orkut:




General Joffre em ação!

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

Marcos A. (9° B) utilizou um dos exercícios para se inspirar e escrever seu belo texto. Uma ótima contribuição aos estudos sobre a Primeira Guerra Mundial. Parabéns, Marcos!

     Não me lembro bem o dia, só me lembro do mês e ano. Na ocasião era junho de 1914. (...) O herdeiro do império Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando levou um tiro e morreu. Eu agi rápido e prendi o jovem que disparou a arma. Fui homenageado.
     Por causa de meu gesto, quando começou a guerra, fui chamado para ser capitão de uma parte das tropas. Sempre sonhava em ser chamado de capitão Joffre e, enfim, esse sonho se realizou.
     Fui para o campo de batalha com minha tropa. Quando cheguei lá já havia muitas mortes, militares que combatiam nas trincheiras. Nos colocamos a postos, pois o inimigo acabara de cavar as suas trincheiras.
     Assim que anoiteceu chegaram mais soldados com suprimentos. Para nós foi um alívio e uma apreensão.           Se o inimigo começasse a atirar? Mas para nosso alívio isso não aconteceu.
     No dia seguinte sentimos a terra tremer. Quando olhamos, vimos o exército inimigo chegar. Não demos cessar, atiramos até ver a maioria no chão.
     Mais para o meio da guerra, ficamos sabendo que os russos saíram e que teríamos o apoio dos Estados Unidos.
     A guerra foi lenta. Por sorte, não sei, fui o único capitão que sobreviveu e fui elevado a general. Mas isto só se deu porque um dos meus soldados me defendeu de outros dois soldados inimigos.
     Ele estava como espia e viu quando os dois soldados chegaram por trás. Por isso ele os matou sem que eles o percebessem.
     Por isso, quando acabou a guerra e nós ganhamos, ele foi homenageado no campo de batalha e pulou de soldado para capitão.
General Joffre

Galeria "DESTRINCHANDO AS TRINCHEIRAS"

Posted by Parcos Maulo Marcadores: ,

Quero socializar dois desenhos bem interessantes sobre a Guerra de Trincheiras. O primeiro é de nosso querido "aluno desconhecido" (9° desconhecido). O cara esqueceu de colocar nome no portifólio, tem base!? Mas, enfim, o desenho ficou legal e eu gostaria de expô-lo aqui. Espero logo poder citar o nome do camarada aqui. Olhem que beleza, os carinhas de tocaia e uma granada, que parece um abacaxi sem folhas, voando pelos céus. Muito bom!

(descoberta a identidade do "aluno desconhecido"! É o nosso querido Eduardo O. E., do 9°C)



Outro desenho legal pacas é o do Victor E. (9°). Ele, além de fazer um desenho muuuuito caprichado, misturou desenho e texto explicando a guerra de trincheiras. Genial! Ficou bonito e informativo. Esses mininu me enche de orgulho!!!

Egito e Mesopotâmia em desenhos! Galeria do Crescente Fértil

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

A galerinha dos sextos anos (B e C) está fazendo história, como? Desenhando os fatos que estudam. E como desenham bem! Alguns dos pequenos aventureiros preferiram escrever textos sobre as matérias. Os textos serão postados em outro lugar. Lhes entrego a Galeria do Crescente Fértil:

Para início de conversa, dêem uma olhada na história em quadrinhos criada por Paulo V. (6° C). Simplesmente genial! (cliquem na imagem para ampliar)


Outro desenhista do 6° C é o nosso conhecido Henrique. O próximo desenho é de sua autoria. Apesar de não ser um desenho sobre o Egito antigo ou a Mesopotâmia, achei que seria muito legal expor a arte henriquesca aqui também. O desenho é sobre o período Cretáceo, terceiro e último período da época dos dinossauros (está compreendido entre 145 milhões e 500 mil e 65 milhões e 500 mil anos atrás). 


O Phillipe (6° B) criou um desenho memorável sobre o Egito antigo. É a máscara mortuária do Faraó Tutancâmon. Um desenho muito vivo, boa Phillipe!


O João Victor do 6° B também trouxe sua contribuição aos estudos históricos por meio do desenho. Ele recriou o busto da rainha Nefertiti, do Egito. É o mesmo desenho na capa do livro de história, mas, claro, muito mais bonito depois que foi trabalhado pelo João, não acham? Eu acho! hehehe




A Júlia do 6° B usou cores bem vivas para pintar um zigurate da Mesopotâmia. Diferente das pirâmides, o zigurate não era um túmulo para os antigos reis, mas, sim, um centro de adoração aos deuses e observatório astronômico. O desenho da Júlia ficou muito legal! Parabéns.


Uma visão panorâmica do Egito nos foi fornecida pela Vitória (6° B). Ela juntou no mesmo desenho o Nilo, as margens férteis, uma rainha sendo carregada pelos servos e, lá no fundo, as famosas pirâmides. Um desenho muito caprichado. E fica ainda melhor porque ela acrescentou um ótimo texto explicativo ao desenho. Boa, Vitória! (Vale lembrar que as relações de escravidão no Egito antigo não eram estipuladas em termos "raciais", de cor. Os escravos eram, em sua maioria, os povos vencidos na guerra que podiam ser brancos, pardos ou negros. Já a nobreza egípcia era majoritariamente constituída por negros)  



O Tiago (6° B) também fez um desenho caprichado sobre o Egito. Um desenho bem rico em detalhes. Apresenta as pirâmides, o rio Nilo, a máscara mortuária de Tutancâmon, uma embarcação típica da época e até mesmo um mapinha do nordeste da África indicando onde fica o Nilo. Um ótimo trabalho, bem colorido. Tem até uns carinhas escalando uma pirâmide. Seriam os homens-aranha da antiguidade!? Parabéns, Tiago!



Os dois desenhos seguintes são de autoria do Paulo Júnior (6°C). Ele escolheu diversos temas egípcios para pintar! Em seus desenhos aparecem deuses, faraós, pirãmides, o Nilo, múmias e fantasmas! Ele aproveitou para inserir legendas explicativas entre os desenhos. Algumas delas falam das técnicas de construção no antigo Egito, outras falam da organização política em Cidades-Estado dos Reinos do Alto e Baixo Egito. Desenhos geniais. Gostei muito, parabéns!



A Sarah do 6° B retratou os camponeses trabalhando na colheita de alimentos às margens do rio Nilo. A pirâmide lá no fundo tem a ponta de cor diferente porque ela era folheada com lâminas de ouro. A cor da pirâmide também era diferente do que conhecemos hoje em dia, ela era pintada de branco (cal). O passar do tempo e a sanha dos ladrões contribuíram para deixar esses monumentos desgastados, só a capa do Batman! Se não acreditam, basta dar uma olhada numa foto atual das pirâmides. 






Aos pequenos artistas que ainda não tiveram a obra exposta aqui, acalmem-se! Não precisam destruir o professor Parcos (não mais do que o habitual). Logo estarei postando os demais desenhos, ok?

Memórias de um Russo

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

As memórias de um soldado russo criado por Ivana O.(9° C) nos dão uma visão geral sobre os conflitos ocorridos durante a Primeira Grande Guerra. Confiram que texto bacana.

     Eu me chamo Francisco Lopes, fui um soldado russo, acabei de sair da Primeira Guerra Mundial e vou contar como foi tudo, combates, estratégias dos países envolvidos, etc.

     Me lembro que na Frente Ocidental a coisa estava feia, as batalhas estavam cada vez mais sangrentas. Aqui na Frente Oriental também aconteciam conflitos. Estávamos sendo derrotados pelos Impérios Centrais e ficamos enfraquecidos, por isso ficamos na retaguarda.

     Fiquei sabendo que os Impérios Centrais também mantinham o controle na Península Balcânica. A Itália pretendia abrir uma Frente de combates nova nos Alpes, mas isso não deu certo.

     Já em 1917, graças a Revolução Russa, nosso país saiu da guerra, assinando um acordo de paz com a Alemanha. Mas os alemães já pretendiam derrotar definitivamente a França e a Grã-Bretanha.

     Os EUA entraram depois, com um poder bélico arrasador. Ele defendeu o lado francês e inglês. Entrou para acabar com a guerra, pois quebrou o equilíbrio que havia entre os dois blocos.
   
     E assim acaba a guerra, com a Alemanha perdedora e a Itália vencedora, e com consequências para o mundo todo. 

A bordo da Guerra

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

No campo de batalha os dias são lentos e dolorosos. É o que podemos perceber no interessante texto de João Vitor A. P. (9° C). 

     Tudo começou com os conflitos entre os impérios, que acabou gerando algumas alianças e que hoje, nós da Tríplice Entente estamos lutando para salvar o mundo da Tríplice Aliança.
     
     Primeiro diário de bordo: Hoje é o nosso primeiro dia em uma nova tática de emboscada contra os alemães. Nós, franceses, estamos cavando valas ou como são chamadas por aqui as trincheiras para surpreendermos os alemães quando eles invadirem nossas terras. Esperamos que essa seja uma missão rápida e que evite desgastes.

     Segundo diário de bordo: Os alemães chegaram e nós os surpreendemos atirando das valas sem que eles soubessem de onde estavam vindo os tiros. Vários corpos já caíram e eles estão tendo que cavar suas próprias valas para se protegerem.
     
     Terceiro diário de bordo: Hoje os alemães conseguiram se proteger. Vários tiros foram dados, mas parece que não houve quase nenhuma vítima. O ritmo por aqui está ficando lento.

     Quarto diário de bordo: Hoje tentamos atacar novamente, mas as tentativas foram inúteis. Hoje choveu muito forte, então temos alguns soldados gripados e muitos de nós estamos exaustos.

Depois de vários meses:

467° dia

     Diário de bordo: Já são 467 dias longe de casa. Estamos exaustos, com fome e com sede. A comida está acabando e estamos perdendo nossas forças.

468° dia

     Diário de bordo: Hoje, aqui, foi um alívio. Choveu, então pudemos beber um pouco mais de água. Mas muitas tropas nossas estão sendo vencidas pelo cansaço e pela fome. O tempo parece que não passa, estou com saudades de minha família, de minha esposa, e estou louco para conhecer meu filho que a esta altura já deve ter nascido. Mesmo assim parece que a guerra está longe de acabar.

Algum tempo depois, quando acaba a guerra...

     Último diário de bordo: Hoje estamos indo para casa. Finalmente irei rever minha família, minha esposa, meus amigos. E finalmente, o motivo que me fez ter lutado todo esse tempo, irei conhecer meu tão sonhado filho. Infelizmente perdi grandes amigos, mas se tornaram grandes heróis dessa guerra. Hoje conseguimos derrubar a Tríplice Aliança, então podemos dizer que conseguimos salvar o mundo dessa terrível guerra que tirou várias vidas. 

Quando uma bomba explode seus pais

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

Gabrielle A. (9° C), não poupou nem mesmo a pequena Bruna Torres, garota contemporânea da Primeira Guerra Mundial, da tristeza e da tragédia. Confiram no texto abaixo. 




Bem, vou contar a história de uma menina que se chamava Bruna Torres Fernandes e estava na Primeira Guerra Mundial. Bruna era uma menina muito rica que perdeu tudo o que ela tinha no começo da Primeira Guerra Mundial.

“Hoje, dia 29 de junho de 1914, irei ao enterro de Francisco Ferdinando”

Quando Bruna menos esperava, uma bomba cai em sua casa enquanto estava no enterro.

“Por que eu? Por que minha casa?” – disse Bruna

“Senhorita, senhorita!” – disse Helena, a empregada

“O que foi Helena?”

“Seus pais, eles morreram!”

Então Bruna, com muita tristeza pela morte de seu pai e sua mãe e a destruição de sua casa...

...SE MATOU!

FIM

Discutindo a relação com uma metralhadora!

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

Contribuindo com o estilo de textos "Diários de Terror", Nathália (9° C), dá vida a um instigante personagem. Texto simplesmente fascinante, acompanhem.

     Mais um dia acordo e vejo corpos no chão, mais uma vez eu vejo membros de meus amigos e me pergunto se isso acontecerá comigo.
     Meu nome é Jean Pierre, tenho 22 anos e morava na França, na capital Paris. Você deve estar se perguntando “morava”? Sim, morava. Hoje moro no campo de batalha com Michelle. Michelle é minha companheira, minha psicóloga, minha confidente. Michelle é fantastique.
     Ah! Michelle é uma metralhadora leve Hotchkiss M1922. Não sou louco. Bem, depois de três anos sua consciência não pesa mais por ter matado algum pai de família e você se acostuma a não dormir. Há o medo de dormir e não acordar mais. Nem se você quisesse poderia, os tiros, os gritos de dor não deixam.
     Dizem que a guerra está chegando ao fim, mas eu acho que isso só terá fim para mim quando morrer.
Quando os alemães chegaram, nossas trincheiras estavam feitas. Malditos! Por causa deles esse lugar fede, não temos mais um pingo de higiene e nossa alimentação é horrível.
     Receber uma carta da família é uma dádiva.
     Tudo aqui é tão barulhento e ao mesmo tempo tão vazio.
     Já está escurecendo e nós estávamos tentando acertar o inimigo, meu amigo Billy foi atingido. Acho que vai ser mais um corpo que terei que carregar.
     O general disse que a Rússia se retirou. Agora chegou mesmo o nosso fim, todos do acampamento estão temendo. Sem armas, como vamos vencer aqueles vermes? Não quero ser derrotado! Passei anos e anos aqui para nada! A noite fico olhando o céu pensando quando vamos voltar a ter nossa vida de volta... Vou tentar dormir hoje, preciso descansar, já estou tendo D. R. (discutindo a relação) com a Michelle. O motivo? Ela meio que travou na hora do combate.
     Os vermes estão agora jogando granadas em nós. Não queremos ficar nas pontas das trincheiras, lá várias pessoas morrem. Mas o general nos obriga para o bem de nossa nação. Mentirosos! Não sei qual é pior... Pessoas estão morrendo por causa do poder.
É, o dia começa e a vida é a mesma. Pelo menos consegui dormir um pouco e sonhar que estava com minha família de novo. Dizem que um novo país vai entrar nessa disputa, os Estados Unidos. Dizem que é nossa última esperança.
     Meu amigo Billy não resistiu, perdeu muito sangue e acabou morrendo. Coitado, tinha filhos para criar e uma mulher muito formosa e bondosa. Uma notícia muito triste.
     Hoje choveu e inundou os túneis, nossos uniformes estão todos encharcados. Uma tosse com secreção me acompanha. Os soldados dizem que pode ser tuberculose, não gosto de pensar nisso.
     De tarde estava fazendo minha patrulha normal quando uma grande granada me acertou. Fiquei horas desacordado e quando acordei senti uma dor terrível, minha perna tinha ido embora. Ou revoir! Passei dias e dias sentindo dor e minha cabeça rodava, parecia que tudo era sonho, ou melhor, pesadelo. Mas tudo era real. O médico disse que não tinha solução, agora era amputar. No começo eu disse não, briguei, xinguei, mas, o que eu faria com uma perna inútil? Tive que ser muito homem e falar tudo bem.
     Estava quieto, me recuperando, quando ouvi alguns soldados dizendo que os alemães estavam em retirada. Tudo chegara ao fim. Foi a melhor notícia de minha vida, finalmente iria reencontrar meu père Fleur, e minha soeur Nicole, ela deve estar tão grande. Uma mocinha.
     Já arrumei minhas coisas e estamos aguardando o nosso transporte, estou louco por um banho e comida de minha mère Aimée.
     Encerro esses dias de horror por aqui. Agora vou tentar viver minha vida sem gritos e seguir em frentte sem uma perna. 

Diário de Guerra

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

Rodrigo M. (9° B) criou Francisco, um soldado francês que chegou a pedir auxílio divino para ver o fim da Guerra. Um texto curto, porém bonito. 

Hoje, 5 de julho de 1915, perdi vários amigos na guerra. Alguns ainda estão vivos, mas uns perderam os olhos, outros as orelhas, uma perna, um braço, um pedaço da bochecha...
Eu queria que essa guerra acabasse logo, pois muitas pessoas estão morrendo por fome, por sede ou outros problemas.
Se Deus existe, que nos ajude a ganhar essa guerra para que não haja mais mortes. Se nós não ganharmos a guerra, que pelo menos ajude a manter alguns soldados vivos. Mas se morrermos, que seja para ajudar nosso país a ganhar a guerra e que depois não haja mais guerras como essa. As pessoas perdem a vida como se não existisse sentido, uma escolha sobre quem vai morrer e quem vai viver.
Francisco, soldado francês

Galeria "MATANDO O ARQUIDUQUE"

Posted by Parcos Maulo Marcadores: ,

Abrimos nossa galeria sobre o assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando da Áustria-Hungria (atentado de Sarajevo em 1914 que iniciou a Primeira Guerra) com um desenho de Eduardo A. de O. (9° A). Um desenho caprichado e bem colorido. Só não digo que é um desenho bem vivo porque seria muito triste, afinal, é o desenho da morte de alguém, ora bolas! Observem a cara de desgosto do Francisco e da esposa dele. Essas caras de "Ai! Morri..." e de "Ai! Ele morreu..." são muito boas. Outra figura que chama atenção na obra de Eduardo A. é o guardinha de verde logo em primeiro plano. Observem a total confusão que a situação lançou a figura: o corpo vergado; as mãos soltas, perdidas em braços molengas; o pescoço tenso... Cara! Convence. Eu vejo um guarda-costas completamente desmoralizado, derrotado. Ele simplesmente não sabe se corre, atira no maluco de chapéu preto ou compra uma pamonha. O motorista não fica para trás. Percebam a cara que ele faz, não se parece com aquele seu amigo depois de um susto bem dado? Com toda a certeza ele foi pego desprevenido! Talvez tenha até mesmo feito uma sujeira lá nas partes baixas... Vai saber!


O próximo desenho de nossa galeria "Matando o Arquiduque" foi feito por Laudivino (9° B). É uma versão alternativa do atentado de Sarajevo, algo do tipo "E se o arquiduque pudesse voar...". Imagino que, ao perceber a aproximação do cara armado com sangue nos olhos (aquele que iria matá-lo), Francisco Ferdinado usa suas capacidades anti-gravitacionais para escapar do assassino. Ele bate as asas (ou braços) e tenta desaparecer no ar. Mas, como podemos perceber, segundo nosso caro aventureiro Laudivino, nem voando o arquiduque escapa da morte!! Ótima versão.



Já no desenho do Marcos (9° B), podemos ver "El Bigodon" em ação, o terrível terrorista aterrorizante que matou o Ferdinando. O camarada Marcos representa o exato momento em que a arma dispara o projétil sedento de sangue que abre uma loca do peito do arquiduque. Observem na blusa rosa de Ferdinando o buraco que restou no lugar do coração! E o mais impressionante, o arquiduque permanece de pé! Esse cara devia ser macho mesmo, leva um tiro do canhão portátil do assassino e mesmo assim posa para a foto! Boa, Marcos!



Henrique (9° A) criou, também, sua versão do atentado em Sarajevo. Um desenho simples, mas que vai direto ao ponto: um arquiduque sendo baleado. O que ninguém contava era com a alegria que as figuras apresentam no momento do ataque. Oservem, estão os dois, Ferdinando e o sérvio totalmente felizes. 


Silvia L. (9° A) produziu um desenho memorável sobre o atentado. Muito caprichado, bem colorido e cheio de emoção. Além disso, o desenho está guarnecido de um texto explicativo de alta qualidade. Um ótimo trabalho, Silvia. Um detalhe que gostaria de comentar é a expressão nos olhos dos personagens, o medo está estampado. Gostei muito da sensibilidade introduzida no desenho, mesmo sendo uma representação de um atentado terrorista. 


Mais uma improvável imagem do atentado de Sarajevo foi produzida por Alexandre (9°A). Essa é mais uma das versões alternativas do assassinato do arquiduque. Se passa num mundo no qual as pessoas são galinhas e, imagino, os países grandes galinheiros! Confiram o fruto da imaginação do Alexandre:


=D

Paixão na Belle Époque

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

Teresa Vardin, personagem criada pela imaginativa Ingrid L. (9° A), viveu e amou durante o período anterior à Primeira Guerra Mundial. Suas memórias são uma fonte rica para entendermos a Belle Époque (1871-1914). Ainda mais se levarmos em conta o fato dela ter sido casada com o filho de um dos mais influentes pintores da época, Monet! 

     Meu nome é Teresa Vardin. Vivo na França, mais precisamente em Paris. Em um período considerado a Belle Époque. E para mim realmente foi uma bela época. Foi quando me apaixonei e vivi intensamente meus sentimentos o que para a época não era muito comum. Me apaixonei por Jean Monet, o que para muitos era considerado uma loucura, pois ele era filho de Claude Monet. Isso não era muito comum, pois as pessoas não tinham uma boa impressão dos artistas, em especial os pintores. Diziam que eles não ligavam para nada além da arte e que não valorizavam a família e suas esposas. O que posso lhes garantir é que isso era uma grande tolice, pois Jean foi o homem mais perfeito, romântico e belo que já estive. 
     Nossa ligação era muito forte, nosso amor muito intenso. Não conseguia me imaginar um só segundo longe de Jean. Parecia que eu estava incompleta, nossos dias juntos eram emocionantes. Vivemos todas as emoções da Belle Époque, vivemos juntos o sonho de que o mundo seria para sempre formado por transformações culturais, inovações tecnológicas, um mundo cheio de otimismo e certeza de paz duradoura. Junto de Jean planejava o futuro de nossos filhos. Você pode até pensar que éramos ingênuos, mas acredite, tanto nós como todo o povo daquele tempo acreditávamos sim na paz e na prosperidade do mundo. Aprendia muito com Jean, que a cada dia me apresentava um novo invento e, principalmente, o que mais me encantava, o cinema. 
     Em 1912, respirávamos a cultura. Lembro-me bem de meus passeios com Jean. Íamos ver apresentações de balé Russo, concertos impecáveis de jazz. Um dia fomos visitar as obras de meu sogro e de outros artistas que se destacavam como Van Gogh, Munch, Pablo Picasso, entre outros. Fomos até visitar uma imponente estrutura de portas e janelas de vidro construída em 1907 pelo Frank L:
     
     Porém, todo esse encanto acabou em 1914, quando iniciou-se a Primeira Guerra, e meu querido Jean Monet foi convocado para servir na Guerra. E desde então, não mais tenho notícias de meu amor. Vivi o resto de meus dias com a esperança de que ele voltasse e fôssemos felizes novamente, para que pudéssemos criar com todo o encanto, toda ingenuidade e esperança da Belle Époque nosso filho que infelizmente não pôde conhecer seu pai. 

Uma história de família

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

A bisavó de Suzany L. (9° C) deixou para seus descendentes uma história de luta e superação. Deixou também, como veremos, muitas perguntas sobre a condição humana que povoam o texto de Suzany. Um belo testemunho da Guerra que não provém das trincheiras. Acompanhem: 

A história que eu vou contar para vocês foi escrita pela minha bisavó que na época tinha 14 anos. Ela viveu durante a 1ª Guerra Mundial. Essa história em partes. 

     Hoje, acordo não sei como... Por um milagre. Ontem vivi horrores, vi meus colegas de classe morrerem bem na minha frente quando eu estava indo embora da escola. 
   Essa foto que eu tirei (foto perdida), para mostrar a vocês como ficou o estado dos corpos. Todos quebrados, sem braço, sem pernas, sem membros. A escola, como vocês podem ver, foi completamente destruída por um canhão que atingia uma velocidade enorme.
     Também vi meu pai indo embora ontem para a Guerra. Dei meu último adeus, um abraço bem forte nele. Eu tinha a certeza que ele nunca mais iria voltar, nunca mais ia ouvir ele me desejando uma boa noite e me dando um beijo para para dormir. 
     Fiquei muito triste ontem, pois já tinha visto meus colegas morrerem e ainda meu pai indo embora. Bom, ainda me resta uma esperança. Hoje eu e minhas irmãs vamos tentar ir embora desse país onde só vimos guerra. Falo eu e minhas irmãs porque minha mãe morreu quando eu nasci, meu pai foi quem me criou. Ele e minhas irmãs que são 4. Eu sou a mais nova, tenho 14 anos.

Essa foi a primeira parte da história. A segunda ela escreveu depois de muitas tentativas de sair do país. Depois de perder 2 irmãs na guerra.

     Acabei de sair desse país. Por onde andei tirei muitas fotos. A que mais me marcou foi essa:
(foto perdida)
     Enfim, o que importa é que consegui sair desse país. Estamos agora, eu e minhas irmãs, na Espanha. Vamos ver se conseguimos uma vida melhor. 
     Estou trabalhando com minhas duas irmãs em uma loja de vestidos. Os vestidos são bem diferentes do que os de antes. Lembro que as mulheres usavam chapéus, vários penteados. Hoje elas estão mais modernas, usam vestidos mais decotados, sem chapéus, com braços e ombros de fora. Muito lindos. 
     Mas esta vida que estou levando com certeza vai acabar logo, pois muitos soldados estão se escondendo aqui na Espanha. Vi mais uma vez pessoas morrerem. Inclusive uma das minhas irmãs. Ela se matou porque não aguentava mais tanta guerra. 
     Mas não posso ficar triste hoje porque vou me casar e vou morar em uma casa que é da família de meu noivo. Minha irmã irá morar conosco. 

Depois desse dia ela nunca mais escreveu nada de sua história. Sabemos só que sua irmã morreu de gripe espanhola  e ela morreu depois de sua segunda filha nascer. Hoje, passados tantos anos, as únicas coisas que ficam são as perguntas: por que os homens fazem guerra? Por que matam pessoas que nunca viram antes? Por que aceitam ir para o campo de batalha sendo que não têm a certeza de voltar? Que tipos de heróis e glória é essa que fazem com que muitas crianças fiquem órfãs, tantos pais percam filhos queridos e tantas mulheres fiquem viúvas?
Perguntas...

Uma carta com pouca esperança

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

Matheus da S. N. (9° C) fez com que uma carta sincera e emocionada chegasse até nós. Uma ótima mostra de criatividade. Tomara que esse tal de Manfred tenha sobrevivido!

18 de outubro de 1916, França.

Querida família,

hoje, aqui nas trincheiras, fomos atacados pela artilharia francesa, muitos foram atingidos e morreram. O cheiro aqui é muito desagradável e nossas roupas úmidas da chuva fazem com que nós gripemos. As doenças estão tomando conta das trincheiras, muitos homens estão morrendo de fortes viroses que os estão afetando e muitos acabam morrendo de sede e fome. Estamos todos magros e fracos, pois não conseguimos dormir e a comida é muito precária. Somos obrigados a viver em meio a ratos e insetos que se alimentam dos cadáveres. Talvez eu não volte para casa, pois a guerra ainda promete muitos anos pela frente e, como as coisas estão para o nosso lado, talvez poucos ou nenhum soldado sobreviva. Se eu morrer, morrerei orgulhoso, pois morri lutando pelo meu país e por mais difícil que tenha sido a batalha, não desisti.

Lembranças a todos,

Manfred Joachim Jorn

Girard Monford

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

Utilizando-se de passagens reais, escritas por soldados, Lucas J. A. (9° C) dá vida a um interessante combatente da Primeira Guerra Mundial. 



Sou mais um soldado na Primeira Guerra Mundial 

     Eu sou Girard Monford, um soldado. Eu e outros soldados estamos em uma trincheira há cinco dias. Tenho que sair, o odor fétido nos penetrou garganta adentro quando chegamos nessa nova trincheira. Chove muito e nos protegemos com o que tem de lona e tendas de campanha afiançadas nos muros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte constatamos espantados que nossas trincheiras estavam feitas sobre um montão de cadáveres e que as lonas que nossos predecessores haviam colocado estavam para ocultar da vista os corpos e restos humanos que ali havia.
     Pela manhã, quando ainda está escuro, há um momento de emoção sob as lâmpadas que alumiam este túmulo. Toda gente grita e bate nos ratos. Descarregam-se, assim, a raiva e o desespero acumulados durante numerosas horas. As caras estão crispadas, os braços ferem, os animais dão gritos penetrantes e temos dificuldade em parar, pois estávamos prestes a assaltar-nos. Perdemos todo o sentimento de solidariedade. Mal nos reconhecemos quando a nossa imagem de outrora cai debaixo do nosso olhar de fera perseguida. Somos mortos insensíveis que, por um estratagema e um encantamento perigoso, podemos ainda correr e matar. 
     Viver nas trincheiras é adiar a morte! A morte chegará pelo fogo inimigo, pelos gases tóxicos que asfixiam ou afogam ou pelas doenças que, de repente, se contrairão neste inferno de lama! Ninguém vai conseguir sobreviver. Só se houver um milagre, um grande milagre...                                                  
                                                                                                                              Baaam! Bam!
     O que aconteceu? Está ficando tudo escuro, acho que estou... 


As passagens utilizadas como inspiração por Lucas J. podem ser encontradas em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/primeira_guerra2.htm



PASSCHENDAELE

Posted by Parcos Maulo Marcadores:

Jack luta para permanecer vivo e não perder a razão em meio a Primeira Guerra Mundial...
Um texto intenso, muito bem bolado!


Escrito por Paulo V. P. P. (9° C)


18 JULHO 1917
  
    Estou eu aqui, Jack, nesta terrível guerra. Muitas coisas aqui são difíceis. Você pode até achar estranho, mas as duas coisas mais difíceis aqui são ficar vivo e fazer ou ter amigos. 
   Quer a razão disto? É simples, meus três "melhores" amigos morreram ontem, um de maneira pior do que outro. Não queria estar no lugar de nenhum deles, pois um levou mais de 15 tiros de uma MG 08 (uma metralhadora alemã), já o outro morreu pelos canhões inimigos, que infelizmente o deixaram em pedaços. Uma cena horrível. E o último só ficou sem a sua cabeça, nada de mais...


     É, mas em recompensa, matei o dobro, seis deles. Cada dia este lugar piora. Estamos na terceira grande batalha de Ypres. Também conhecida como Batalha de Passchendaele. Sou um soldado do exército Britânico. Conheço e até já lutei ao lado dos franceses em outras batalhas.
     Amanhã iremos fazer uma ofensiva para tomar o território inimigo. Estou com medo, pois não quero morrer. Mas não tenho outra saída. Nós iremos atacar com blindados (tank), metralhadoras vickers e iremos atacar somente depois da artilharia. E seja o que Deus quiser. Pretendo sobreviver durante esta ofensiva e durante toda esta guerra também. 
     Antes de chegar aqui, estava nas trincheiras, onde por pouco quase morri. Acordava todos os dias com barulhos de tiros e pelas bombas que explodiam perto de nós. Também já destruí cerca de 5 aviões nos céus da Europa. Foi muito emocionante, muita aventura dentre outras coisas que já fiz nesta guerra. 
     Mas agora estou em um lugar diferente. Aqui está sendo uma das batalhas mais sangrentas da guerra. Só que o meu sangue não cairá aqui, e nenhum lugar aqui desta guerra. Amanhã é o dia, vou dormir, pois tenho que recuperar as minhas forças para a batalha de amanhã. 

6:30 AM 19 JULHO 1917

     Chegou a hora, estou pronto e minha divisão da tropa também. Eu a comando, sou o melhor dentre todos eles. Se não fosse por isso, não estaria aqui onde estou agora. 

7:40 AM 19 JULHO 1917

     A artilharia já bombardeia o território inimigo, nós iremos atacar agora, logo após o sinal... E quando eu gritei - Vamos! Andem, matem todos que virem pela sua frente! Todos deram um grito e foram ao ataque. 
      
     Estava quase no fim da batalha quando...      POU!


Julho/1997 - Meu pai Jack levou um tiro no coração que o atravessou. O bravo soldado britânico agora receberá a sua medalha que tanto sonhava. Mas morto. 
por: Jack Found, filho de Jack Found Solano (soldado)

    . 

Texto para prova temática (18/05)

Posted by Parcos Maulo Marcadores: ,

Texto Base –
África: cultura material, filosofia e religião
Marta Heloísa Leuba Salum
Texto extraído e adaptado do guia temático para professores África: culturas e sociedades, da série Formas de Humanidade, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Escrito em janeiro de 1999 e revisto e adaptado em julho de 2005 para publicação no site.



Para compreendermos os sistemas de pensamento e de crenças das sociedades africanas, devemos ter sempre em mente a dinâmica tradição/modernidade relacionando o que pertenceu ao passado e o que, e sob que forma, permanece no presente. 

Cada cultura africana tinha, antes da ruptura social (tráfico de escravos e colonialismos), sua forma de conceber o mundo, de explicar suas origens e de formular o que lhes convêm, conforme mostram os mitos e lendas, bem como o discurso das pessoas mais antigas, que viveram antes ou durante a situação colonial. Isso demonstra a grande diversidade cultural no continente, correspondente à diversidade de formas e estilos na arte tradicional. 

Apesar disso, no plano filosófico, podemos assinalar um aspecto que dá unidade aos povos da África tradicional: o indivíduo é considerado vivo porque tem um ascendente (é filho, neto de alguém), e quem vai lhe garantir a finalidade e memória de sua vida e existência é a perspectiva de seu descendente (seu futuro filho e neto). Portanto a noção de morte está concretamente ligada à de vida : morrer significa não procriar. Sem filhos, a linhagem familiar se extingue - vida e morte não são apenas biológicas, mas sociais principalmente. A existência do indivíduo se traduz através do seu ser-estar (o que implica em tempo e espaço ou lugar) no mundo, através do cotidiano, no trabalho ou no lazer, sempre conectado ao universo social, cósmico, natural e sobrenatural ao mesmo tempo, sendo impossível separar o que é concreto e espiritual, ou determinar o que é sagrado ou profano, na vida desses povos. 

Nesse contexto, o exercício da existência volta-se para questões que vão além do poder econômico, o que não exclui a preocupação social e individual com o status (disputado e atribuído a indivíduos de prestígio como sábios e dirigentes), já que ele é uma das chaves para que o grupo tenha uma estrutura para permanecer unido e forte visando ao advento de futuras gerações. 

Daí, a profusão de imagens antropomórficas esculpidas a que se chama de "ancestrais", já que normalmente, mas nem sempre como se divulga através de publicações, eram relacionadas, e usadas, no culto de antepassados. Os chamados "fetiches", aí colocados em oposição aos "ancestrais", são objetos, esculpidos ou não, constituídos de vários materiais agregados. O conceito de fetiche é discutível, pois, significando "coisa feita", é relacionado sempre à magia e a feitiçaria num sentido distorcido. 



Estatueta "buti", do tipo chamada de "fetiche", arte teke, Republica Democrática do Congo, acervo MAE-USP. 

Na verdade, os materiais dos "fetiches" entre os quais são também classificadas estatuetas dos Bateke (figura acima) - simbolizam partes dos mundos animal, vegetal e mineral, aludindo uma idéia de totalidade construída pelos africanos, baseada em seu conhecimento sobre as forças da Natureza (muitas vezes relacionados à cura medicinal) e do Cosmo. Isso explica porque muitas das estatuetas chamadas de "fetiches", em contrapartida, tinham relações diretas com o culto de antepassados, fundado na idéia de acúmulo de forças através de gerações sucessivas e da apropriação do território. 

Outras duas características nos sistemas filosófico e de crenças das sociedades africanas tradicionais é a consciência de periodicidade e infinitude, isto é, a idéia de que o descendente vem do ascendente e a idéia, que vem em decorrência disso, de que o passado está intimamente ligado ao futuro, passando pelo presente. 

Um indivíduo vivendo em sociedade em um determinado período histórico supõe a existência de outro ou outros indivíduos (filho, neto, bisneto, etc) em períodos subsequentes, graças à existência daqueles que vieram antes dele, e criaram regras para que seus contemporâneos e conterrâneos pudessem seguir vivendo, articulando-se conforme as condições de sobrevivência. Há um provérbio de origem africana em que podemos constatar essa característica de infinitude, de que a vida é infinita: "uma vez que é dia, depois noite, qual será o fim deles?". 

Esse tipo de pensamento comporta uma perspectiva dinâmica que não corresponde à idéia de que esses povos não teriam história antes dos europeus chegarem, e que eles viviam sempre do mesmo modo que seus avós e bisavós. Outro provérbio africano nos permite constatar essa característica de periodicidade, de que a vida é periódica - e histórica: "as coisas de amanhã estão na conversação das pessoas de amanhã". 

Vemos aqui uma preocupação em regrar o que acontece no presente, o que é uma responsabilidade dos que vivem para garantir a existência do futuro, e que não há nada de estático nisso, ao contrário, há uma previsão de mudança, uma consciência de que há um dinamismo na vida, na existência, não apenas por modificações ambientais naturais, mas também modificações técnicas e filosóficas determinadas pela sucessão de gerações. 

Desse modo, os africanos preservavam regras de sua Cultura, modificando-as quando necessário, sem precisar de outras normas vindas de fora, coisa que os Europeus não podiam entender, pois eles se consideravam superiores a todos os povos não-europeus. 

Esse sentimento de superioridade vem da constatação da diferença. Na visão judaico-cristã, por exemplo, os africanos foram tidos como povos animistas, isto é, aqueles que atribuem vida às coisas e seres inanimados, e acreditando que plantas e animais são dotados de "alma", sendo portanto capazes de agir como seres humanos. Isso não é verdade e deturpa as formas autênticas de concepção do mundo dos africanos, colocando-os como inferiores, ou "primitivos". 

O que ocorre, na verdade, é que na África tradicional a concepção de mundo é uma concepção de relação de forças naturais, sobrenaturais, humanas e cósmicas. Tudo que está presente para o Homem tem uma força relativa à força humana, que é o princípio da "força vital", ou do axé - expressão ioruba usada no Brasil. As árvores, as pedras, as montanhas, os astros e planetas, exercem influência sobre a Terra e a vida dos humanos, e vice-versa. Enquanto os europeus queriam dominar as coisas indiscriminadamente, os africanos davam importância a elas, pois tinham consciência de que elas faziam parte de um ecossistema necessário à sua própria sobrevivência. As preces e orações feitas a uma árvore, antes de ela ser derrubada, era uma atitude simbólica de respeito à existência daquela árvore, e não a manifestação de uma crença de que ela tinha um espírito como dos humanos. Ainda que se diga de um "espírito da árvore", trata-se de uma força da Natureza, própria dos vegetais, e mais especificamente das árvores. Assim, os humanos e os animais, os vegetais e os minerais enquadravam-se dentro de uma hierarquia de forças, necessária à Vida, passíveis de serem manipuladas apenas pelo Homem. Isso, aliás, contrasta com a idéia de que os povos africanos mantinham-se sujeitos às forças naturais, e, portanto, sem cultura. Os povos da África tradicional admitem a existência de forças desconhecidas, que os europeus chamaram de mágicas, num sentido pejorativo. Mas a "mágica", entre os africanos, era, na verdade, uma forma inteligente - de conhecimento - de se lidar com as forças da Natureza e do Cosmo, integrando parte de suas ciências e sobretudo sua Medicina. 

Esses elementos filosóficos podem ser vistos expressados graficamente nas decorações de superfície de esculturas, na tecelagem e no trançado, e na própria arquitetura, através de figuras geométricas (zigue-zagues, linhas onduladas, espirais - contínuas e infinitas), de figuras zoomorfas (cobras, lagartos, tartarugas - que, além de sua forma, estão associadas à idéia de vitalidade e longevidade). 

Trata-se de uma linguagem gráfica simbólica, equivalente a da figura antropomórfica em estátuas e estatuetas, onde se ressaltam cabeça, mãos e pés, seios, ventre, orgãos sexuais (todos considerados, de um modo geral, centros de força vitais). Elas expressam, do mesmo modo que os grafismos, aspectos relacionados ao tema da reprodução humana e à capacidade de produção do conhecimento necessário à perpetuação da espécie humana, mesmo que individualmente, venham a desempenhar funções e a expressar significados específicas (figura abaixo). 



Estatueta "akua-ba", arte ashanti, Gana, acervo MAE-USP

Temas como a fertilidade da mulher e fecundidade dos campos são freqüentes e quase que indissociáveis na expressão artística, estabelecendo a relação entre a abundância de alimento e a multiplicação dos filhos, um fator concreto em sociedades agrárias. O tema do duplo remete à relação de fatores complementares ou antagônicos (dia-noite, homem-mulher). Todas essas formas gráficas e representativas são um recurso para apresentar, sob forma material, um conjunto de idéias sobre a existência concebida visando ao equilíbrio e à perpetuação biológica e espiritual do grupo social. 

Dizem que os africanos não tinham Deus, ou que tinham vários deuses, o que não parece ser muito preciso. Em quase todas as populações da África foram registrados depoimentos da criação do mundo, em que existe apenas um único "Deus". Trata-se de uma força primordial, um Criador que criou o Mundo e os Homens, colocou-os na Terra, e deixou-os ao seu Destino (figura abaixo).



 Topo de máscara, arte senufo, Costa do Marfim, acervo MAE-USP. 

Essas histórias de origem podem ser chamadas de mitos porque se trata de seres não conhecidos em vida (que estão na memória coletiva), sendo por isso míticos, sem que se caia no erro de desconsiderá-los, como fizeram os ocidentais, como idéias sem valor científico e histórico. Tais mitos de origem comportam freqüentemente o relato de pares primordiais, de gêmeos ou duplas, que vieram para cultivar e povoar o mundo, e, muitas vezes, seres zoo-antropomorfos que, dotados da tecnologia (instrumentos agrários ou de caça), vieram para ensinar os Homens a produzir e obter alimento, para se multiplicarem, zelando, eles - os Homens -, pela sua própria permanência em vida. 

Uma das diferenças dessas idéias com relação às idéias de mundo cristãs é a consciência de que cada ser que está presente no mundo tem seu papel, e que a força dos Homens é humana, e não divina. Daí a necessidade de uma relação constante com os antepassados, visando às futuras gerações. Esse pode ser apontado como um significado substantivo das várias formas de culto de ancestrais. 

É por isso que a vida dos povos africanos é tida como muito mais ritualizada que no mundo cristão. O mundo material e o espiritual são concebidos juntos, quase que inseparáveis, o que implica em modelos de culto e religião completamente diferentes do que se adotou no Ocidente, que por sua vez serviu de modelo para outros povos formados na modernidade, como é o caso brasileiro. 

Os Candomblés (são várias as formas como essa religião brasileira de origem africana se apresenta) conservam formas de culto muito próximas às de cultos tradicionais da África ocidental (sobretudo dos Fon e dos Ioruba), adotando emblemas, nomes e outras características de suas divindades (e, às vezes, das divindades dos povos de línguas bantu, ou dos chamados Bantos, da África central), bem como a hierarquia de poder iniciático (figuras abaixo). 



Colar de babalaô, arte nagô, República Popular do Benim, acervo MAE-USP 





Estátua de Iemanjá, arte afro-brasileira, Salvador/Brasil, acervo MAE-USP



Opaxorô, arte afro-brasileira, Salvador/Brasil, acervo MAE-USP. 

Mas, numa aproximação ainda que a grosso modo, eles teriam uma estrutura de panteão, como a das religiões grega e cristã. Isso quer dizer que existe um Criador e uma porção de outras divindades articuladas em camadas subalternas. Os cultos tradicionais da África, por sua vez, voltavam-se, em linhas gerais, aos antepassados ou a divindades da Natureza. Neste último caso, poderia ser enquadrado o Culto de Orixás - nome dado às divindades de origem ioruba ou nagô (os voduns, inquices e caboclos são divindades de povos africanos de outras origens) -, em que se baseiam a maioria dos candomblés, muito embora muitas dessas divindades celebram chefes políticos sacralizados, com uma qualidade divina, de uma localidade (ou reino) determinado, onde são considerados como antepassados. 

Para concluir, grande parte da escultura antropomórfica seja da África ocidental, seja da central, é uma "presentificação" desses personagens míticos ou mesmo conhecidos em vida - antepassados fundadores de territórios, chefes de linhagem ou chefes eleitos renomados por feitos realizados durante seus governos. Em peças desse tipo transparece a grande relação entre política e religião, motivo pelo qual estátuas, bustos e cabeças, tendo uma força acumulada de vários níveis, não podiam ser vistas por todas as pessoas, se não os altos iniciados nos cultos, ou seja, aqueles que tinham status social e religioso, sendo que em muitas sociedades, o chefe político era também o sacerdote supremo. 

E, neste final, resta a contradição: grande parte da arte africana, que tanto nos mobiliza o olhar pelo impacto estético, era feita, antes de ser tirada de seu contexto, para não ser vista, a menos que houvesse uma ocasião precisa para isso. Está aí está a demonstração da grandeza e do poder de uma cultura material, depositária não de segredos, mas de fundamentos, a serviço da história e cultura dos povos africanos, que dentro e fora de seu território original, continuam sua existência, formando novos valores, como acontece entre nós, no Brasil. 

Bibliografia

BALANDIER, G. As dinâmicas sociais: sentido e poder. São Paulo: Difel, 1976. 

BALANDIER, G.; MAQUET, J. Dictionnaire des civilisations africaines. Paris: Hazan, 1968. 

BASTIDE, R. As Américas negras: as civilizações africanas no Novo Mundo. São Paulo: Difel; Edusp, 1974. 

JAN, J. Muntu: las culturas neoafricanas. México: Fondo de Cultura Económico, 1963 (Tiempo presente; 44) 

KI-ZERBO, J. (coord.). História Geral da África: I. Metodologia e pré-história. São Paulo: Ática; Paris: Unesco, 1982. 

LEIRIS, M.; DELANGE, J. Afrique noire: la création plastique. Paris: Gallimard, 1967 . (Univers des formes) 

MERCIER, P. História da Antropologia. Rio de Janeiro: Eldorado, 1974. 

SERRANO, C.; MUNANGA, K. A revolta dos colonizados: o processo de descolonização e as independências da África e da Ásia. São Paulo: Atual, 1995. (História geral em documentos) 

TEMPELS, P. La philosophie bantoue. Paris: Présence africaine, 1948. 

VERGER, P. Orixás : deuses iorubás na África e no Novo Mundo. São Paulo: Currupio; Círculo do Livro, 1985.