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A Revolução não será televisionada!

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O professor Parcos Maulo indica o documentário abaixo: 



O Homem que Parou 59 Tanques de Guerra!

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A luta por qualidade de vida é uma chama que acompanha toda a história da humanidade, em todos os países! Até onde você está disposto a ir para lutar por aquilo que é correto?



Beijing, capital da China, 5/junho/1989. Um Jovem chinês se coloca frente a 59 tanques em direção à Praça da Paz Celestial (Tiananmen), um dia após o Massacre do 4 de Junho. A identidade dele permanece desconhecida até hoje.
Jeff Widener, hospedado no Hotel Beijing, foi quem quem fez essas imagens. Há outros fotógrafos que também registraram o momento, mas as imagens do Jeff são as mais difundidas. Imagina, após seu país decretar Lei Marcial e um dia depois de um verdadeiro massacre, onde o governo matou milhares de estudantes e trabalhadores que protestavam pacificamente pela democracia... UM HOMEM, se coloca sozinho na frente de 59 TANQUES! Sobe em um e fala com os soldados!
Foi retirado de lá por outras pessoas, afinal, depois de o governo matar milhares de estudantes um dia antes, matar ele não seria difícil. Até hoje, ninguém sabe quem ele é ou o que aconteceu com ele depois disso. É assunto censurado na China.
(Texto adaptado do “Blog do Nicholas Gimenes”, acessado em 13/10/2010)

Organização social mapuche nos séculos XVI e XVII

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Organização social mapuche
Texto adaptado da dissertação de mestrado de Segismundo Siqueira Filho "A Resistência Mapuche ao Processo de Colonização Espanhol nos Séculos XVI e XVII" (2009).

  1.         A sociedade mapuche contava com uma organização complexa, porém, diferente do estilo dos Incas ou Astecas. Pode-se dizer que estavam divididos em clãs,  denominados de levos (rehues em mapudungun). Normalmente, estavam compostos por mais de mil adultos e cada clã ocupava um determinado território. Todos os integrantes descendiam de um antepassado em comum, de onde derivava sua linhagem de acordo com a aliança celebrada com um animal ou elemento da natureza, cujas características acreditavam possuir e de onde se originavam os nomes individuais.
  2.        À frente de cada levo ou rehue havia um chefe chamado de lonko, cujo cargo era hereditário. Seu poder dependia, principalmente, do seu prestígio pessoal, que por sua vez era relacionado com sua valentia, caráter e também com sua riqueza. O simples fato de ocupar o cargo não garantia autoridade ou influência. A transmissão do cargo de lonko era feita para o filho mais velho e apesar da hereditariedade a maioria dos membros do rehue tinham de estar de acordo com a nova designação. (23) 
  3.     Com base na afirmação acima podemos notar que algumas informações transmitidas pelos cronistas não correspondem à realidade. Alguns descrevem os caciques como autoritários e arrogantes. Alonso de Ercilla, em La Araucana, erroneamente, dá grande ênfase a estas “características” indígenas. 
  4.      Foram os espanhóis que impuseram a denominação de “cacique” aos lonkos e as outras autoridades indígenas, desconhecendo as especificidades locais que cada denominação carrega. Paralelamente a esta política unificadora e globalizante, a Coroa Espanhola procurou desde o início da conquista da América, conhecer as formas ancestrais de governo de cada um dos povos indígenas, respeitando seu conjunto de leis e não fazendo alterações naquilo que não contrariasse as leis espanholas e da igreja católica. Inclusive adaptando estas leis (espanholas e eclesiásticas) aos costumes indígenas. (24) 
  5.        É nítido que não faziam isso por respeito à diversidade dos povos originários, tencionavam apenas aproveitar a estrutura social dos índios em favor da dominação espanhola. O raciocínio era que se as tribos haviam obedecido e respeitado aos seus “caciques”, lhes rendiam vassalagem, tributos e privilégios, a coroa espanhola herdaria estes mesmos benefícios e a obediência que haviam dado à suas autoridades originárias. 
  6.        A forma de governo mapuche antes da chegada do espanhol era uma reunião de instâncias superiores de organização, um conjunto de tribos de um mesmo território, representado pelos lonkos. Cada uma destas tribos tinha sua autonomia, mas nas ocasiões de interesse geral tomavam resoluções de comum acordo e estas decisões eram respeitadas por todos. Apesar de não possuírem uma estrutura complexa em termos estatais, os mapuche tinham, de certa forma, um governo “democrático”, por meio dos conselhos onde eram tomadas as decisões. 
  7.        Em uma primeira etapa, durante o século XVI, as crônicas registram uma forma de governo indireto, as juntas, também conhecidas como conselhos, que eram convocadas com a assistência das diversas tribos, as chamadas Lof. Ao final do século XVI, este tipo de organização se tornou mais complexa, formando-se uma estrutura, geralmente, de forma piramidal: várias rucas formavam o Rewe ou Rehue (chamado de reguas pelos espanhóis); vários rehues formavam um aillarehue. Os rehues se agrupavam de acordo com características de afinidade cultural, parentesco, território em comum e outras; em alguns lugares foram homogêneas e em outros não. Documentos descrevem que um aillarehue era formado por nove rehues. Os aillarehues se agrupam e se constituem no Fütanmapu, termo que foi chamado pelos espanhóis de Butanmapu. Este fütanmapu poderia ser entendido como a “identidade territorial” dos mapuche. Os conselhos eram a estrutura de governo, de justiça, resolução de dúvidas e decisões sobre guerras (25). 
  8.      Alonso de Ovalle, referindo-se a esta estrutura observa:
  9. "por esta mesma causa no sólo resistieron al señorío del Inga, pero no quisieron jamás admitir rey de su propria nación ni de la ajena, porque el amor y estima de la propria libertad prevaleció siempre contra todas las razones de estado con que la política pudiera persuadir lo contrario, ni tampoco usaron del gobierno de república, porque su ánimo impaciente y guerrero no pudo ajustarse con las esperas y atenciones necesarias para el acuerdo y unión de muchos pareceres; por esto tiró cada uno por su camino, o por mejor decir, cada familia y parentela, eligiendo cada una entre todos uno que los gobernase, a cuyo orden estaban todos los demás, y de aquí tuvieron origen los caciques, que son los príncipes y señores de vasallos, que después se fueron heredando y sucediéndose de padres a hijos, entre los cuales el primogénito sucede a su padre en el derecho del señorío y cacicazgo. (26)
  10.    Cada tribo governava sua jurisdição sem nenhuma dependência nem subordinação à outra, contudo, quando surge algum perigo sobre suas terras ou tribos, os lonkos (principais personagens), os anciãos e os homens mais experientes, segundo seus costumes, formam as juntas, debatem e tomam as decisões conforme a decisão da maioria. Se o caso for de guerra elegem um chefe supremo (toki) para comandar os exércitos. (27) Foi assim com os Incas quando adentraram as terras mapuche e posteriormente com os espanhóis. Vale destacar que nas reuniões do conselho, não só tomavam decisões sobre declarar guerra, mas também propor acordos de paz, os chamados parlamentos. Propunham ouvir o inimigo e tentar a paz com eles, sem renunciar ao seu direito; e para tanto enviavam um embaixador para as negociações. 
  11.       Os mapuche não tinham uma forma estatal, não havia instituições coercitivas que impusessem um mando único sobre todas as tribos. Cada conselho consultivo, convocado por um lonko qualquer, tomava decisões que só obrigavam os que haviam participado no conselho e nas cerimônias com que se solenizavam e sancionavam os acordos. Nenhuma crônica que relata a resistência mapuche perante os espanhóis durante todo o período colonial descreve um acordo simultâneo ou unânime de toda a etnia, principalmente no que tange à resistência armada. Os rehues ou aillarehues que permaneciam à margem das decisões dos conselhos mantinham sua autonomia e esta era respeitada pelos participantes. Por sua vez, todos os participantes estavam obrigados a cumprir os acordos feitos. (28)     
  12.      Desta maneira, dá-se o cumprimento de uma das principais características mapuche: a pluralidade, o respeito à diversidade compatível com o princípio de respeito e sujeição aos costumes ancestrais e as resoluções coletivas, princípio baseado no valor supremo, na palavra empenhada e do reconhecimento ao compromisso adquirido nas reuniões, acordo, tratos e tratados. Uma estrutura de caráter ancestral que incorporou poucas mudanças do século XVI ao XIX, sendo profundamente afetada somente após a independência.


Notas:

23 VILLALOBOS., 1995, op. cit. p. 29
24 ELLIOTT, J. H. Espana y su mundo; 1500-1700. Madrid: Alianza Editorial, 1990. p. 69
25 GUEVARA, op. cit. p. 9-13
26 OVALLE, Alonso de. Histórica Relación del Reino de Chile. Santiago, Instituto de Literatura Chilena. 1969
[1646] p. 85
27 No capítulo 3 da dissertação o autor detalha todo o processo de escolha do toki

Símbolos Sagrados Mapuche

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Um pouco de história Mapuche

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Os Mapuche


Texto adaptado da dissertação de mestrado e da tese de doutorado de Segismundo Siqueira Filho e Elba Soto, respectivamente: "A Resistência Mapuche ao Processo de Colonização Espanhol nos Séculos XVI e XVII" (2009) e “Sonhos e Lutas dos Mapuche do Chile” (2007).

  1. A geografia chilena sempre exerceu grande influência sobre a vida, a configuração e a organização das diversas etnias que ali se instalaram durante os milhares de anos que antecederam ao encontro com os europeus. O território é formado por uma estreita e longa faixa de terra compreendida entre a cordilheira dos Andes e o oceano Pacífico. Devido a sua extensão em latitude, o Chile apresenta todos os climas característicos das regiões ocidentais dos continentes, com exceção dos tropicais úmidos e polares (1). 
  2. A vida estava concentrada nos lugares onde existiam os elementos necessários: fontes de água, caça, pesca, terra para coletar seus frutos ou plantar (para aquelas etnias que já possuíam o conhecimento agrícola). (2) Embora os vários povos possuíssem entre si uma relação étnica e lingüística, as tribos do norte (aricanos, atacamenhos e diaguitas) apresentavam um estágio diferente dos povos mais ao sul, resultante dos contatos que mantiveram com o Império Inca. Na região austral (extremo sul) existiam diversos outros povos, sobre os quais existe pouca documentação, já que durante a colonização do território chileno o extremo sul foi pouco explorado e conseqüentemente houve produção reduzida de crônicas e relatos dos viajantes e colonizadores. 
  3. Nas províncias meridionais, centro-sul do território chileno, destacam-se três grandes grupos: os Mapuche, os Huillinche e os Serranos (Pehuenche, Puelche e Poyas). Os huillinches tinham costumes funerários e também praticavam o artesanato com cerâmicas, característica de todas as etnias indígenas do Chile. Segundo Ricardo Latcham (3) os huillinches, residentes do sul, fazem parte da mesma raça dos picunches, etnia que viveu no norte do país. O arqueólogo afirma, baseado em provas antropológicas, arqueológicas e também trechos de cartas do conquistador Pedro de Valdivia, que estes dois povos anteriormente eram um só e foram violentamente separados pelo estabelecimento dos mapuche na região num período de mais ou menos duzentos anos antes da chegada dos espanhóis (4). 
  4. Os chamados povos da Cordilheira podem ser considerados a continuação dos povos andinos que residem no norte do Chile e sul do Peru. Trabalhavam a cerâmica, tinham costumes religiosos, caçavam e também coletavam. Pehuenches, puelches e poyas eram nômades, originários dos Pampas, e apesar de terem se adaptado aos costumes dos povos da Região Andina foram detectadas muitas semelhanças com os Tehuelches – etnia encontrada na região da Patagônia (5). Os Pehuenches eram indígenas bravos, de alta estatura, constituíam bandos de caçadores e coletores. Devido ao costume de coletar um tipo de pinhão, denominado pehuén, originou-se o nome desta etnia,pehuenches. Não tinham uma organização central, uniam-se somente quando tinham um interesse em comum. Fixavam-se temporariamente conforme suas necessidades de sobrevivência, principalmente perto dos recursos naturais, mas também quando precisavam combater seus inimigos (6). 
  5. Entre todos os povos nativos que habitavam o atual território do Chile, os mapuche (7) aparecem com maior destaque, primeiro por ser a etnia mais numerosa e segundo porque conseguiu se opor por mais tempo ao processo de colonização. Assentados entre os rios Itata e Toltén, na zona centro-sul, e aparentados lingüisticamente com seus vizinhos os huilliches e pehuenches, os mapuche apresentaram uma feroz resistência à dominação espanhola durante todo o século XVI, chegando ao ponto de expulsarem, por um longo período, os europeus de seu território. A grande rebelião que determinou o surgimento de uma linha de fronteira durou de 1598 até 1602. Estes conflitos foram denominados de “Guerra de Arauco” e prolongaram-se durante a primeira metade do século XVII, diminuindo após a grande rebelião de 1656. A partir daí iniciaram-se as relações fronteiriças entre espanhóis e mapuches, relações que se estenderam até o século XIX. Os contatos de fronteira, intensificação do comércio entre criollos e índios produziram importantes transformações sociais no mundo mapuche levando a sua fragmentação. 
  6. Apesar de se dividirem em várias tribos possuíam uma língua em comum e costumes similares, tendo apenas alguns costumes regionais. Dotados de uma notável unidade cultural e uma grande força defensiva e expansiva, que nem mesmo a dominação espanhola pode submetê-los completamente. Quando da chegada dos europeus, já haviam abandonado o nomadismo há muito tempo, transformando-se em agricultores e criadores de gado. A caça e a pesca também ocupavam importantes espaços em seu modo de vida. Sua alimentação era baseada no consumo de diversos vegetais. Cultivavam, entre outros, madí, quinoa, maíz (milho), feijões e pimentão, coletavam raízes, talos de plantas e sementes. Possuíam rebanhos de lhamas que lhes forneciam lã, carne e couro; caçavam guanacos, pumas, huemules e raposas utilizando-se de arco e flecha (8). 
  7. Os mapuche viviam nos lugares que lhes ofereciam maior quantidade de recursos para sua subsistência. Construíam suas moradias as Rucas (ocas) (9) no ponto mais alto  o terreno para controlar a presença dos inimigos, ao mesmo tempo em que vigiavam seus rebanhos. O lonko ocupava a ruca com as melhores condições. Aruca dos mapuche era uma habitação espaçosa, retangular ou ovulada, feita com troncos e folhas, onde residia a família inteira. A vestimenta, no geral, para os homens era composta por um camisão sem mangas, complementado com o chiripá, que trançavam entre as pernas e prendiam na cintura. As mulheres usavam uma manta como se fosse uma fralda curta e tanto os homens como as mulheres usavam ponchos largos (10).
  8. Na fabricação de seus utensílios usavam diversos materiais, tais como: madeira para fazer bateias, pratos e jarros; com fibras vegetais faziam cordas, redes e cestos; de argila faziam pratos, jarros e panelas, todos com pobre ornamentação ou até mesmo sem nenhuma. Praticamente não trabalhavam o ouro ou a prata; obtinham pouca quantidade destes metais quando comerciavam com alguns povos do norte, utilizando-os para ornamentação pessoal, adornos, ponta de flechas e lanças (11). Este modo de vida inicialmente  provocou espanto no próprio Pedro de Valdivia; em uma de suas cartas ao Imperador Carlos V ele exclama:
  9. Lo que puedo decir con verdad de la bondad de esta tierra es que cuantos vasallos de vuestra Majestad están en ella y han visto la Nueva España dicen ser de mucha más cantidad de gente que la de allá; es todo un pueblo e una sementera y una mina de oro, y si las casas no se ponen unas sobre otras, no pueden caber en ella más de las que tiene; próspera de ganado como la del Perú, con una lana que le arrastra por el suelo; abundosa de todos los mantenimientos los indios para su sustentación así como maíz, papas, quinua, ají y frisoles. La gente es crecida, doméstica y amigable y blanca e de lindos rostros, así hombres como mujeres; vestidos todos de lana a su modo, aunque los vestidos son algo groseros; tienen muy gran temor a los caballos; aman en demasía los hijos e mujeres e las casas, las cuales tienen muy bien hechas y fuertes, con grandes tablazones, y muchas muy grandes, y de a dos, cuatro y ocho puertas; tiénenlas llenas de todo género de comida y lana; tienen muchas y muy polidas vasijas de barro y madera; son grandísimos labradores, y tan grandes bebedores; el derecho de ellos está en las armas, y así las tienen todos en sus casas y muy a punto para de defender de sus vecinos y ofender al que menos puede. Es de muy lindo temple la tierra y que se darán en ella todo género de plantas de España mejor que allá. Esto es lo que hasta ahora hemos reconocido de esta gente.
  10. Acreditamos que um dos principais motivos para a resistência dessa etnia estava na tentativa de manutenção de seu admapu. Segundo a crença mapuche, este costume pode ser entendido como: a interação do índio com a natureza, que deve ser realizada de forma respeitosa; a relação com os espíritos dos antepassados através dos rituais; a organização social respeitando princípios da hierarquia e respeito ao território; os costumes rituais em tempos de guerra. Os principais componentes do admapu eram: a família (que era o alicerce da sociedade), as relações sociais e a religiosidade através da qual eram feitos os rituais. O admapu como forma de organizar a compreensão do mundo mapuche chegou até nossos dias. Analisemos suas características.
  11. No admapu, a terra é uma questão fundamental, sendo entendida como uma doação de Ngünechen para o bem-estar da comunidade. Como explica Parker, “o indígena é o depositário de uma tradição, de uma herança coletiva, que deve proteger, cuidar e desenvolver, para logo passá-la aos seus descendentes, sem considerar a possibilidade de ser proprietário individual dessas terras” (Parker 1995). Assim sendo, no mundo indígena entende-se que a terra é para o uso comum do coletivo (família e comunidade) e a possessão é momentânea (enquanto se é vivo). Então, o problema da terra em questão está mais referido a possessão e usufruto dela do que ao desejo da obtenção da sua propriedade individual, sem desconsiderar seu valor espiritual, sua relação com o sagrado, como valor central na cultura mapuche.
  12. Outro elemento que caracteriza a cultura mapuche é o estilo de relações humanas no interior das comunidades. Essas relações estão mediadas pela linguagem, o que permite um tratamento fraterno e solidário que se expressa através das palavras peñi – lamgen, irmão e irmã, o que gera uma forma de comportamento comunitário e um estilo de moral comunitária. Quer dizer, esse tipo de relações humanas permite inferir a não-existência de classes sociais, pois, como assevera Curivil, entre os mapuche “a regra de ouro é ‘todos somos iguais, todos somos irmãos, todos temos os mesmos direitos com relação à mãe terra’. Nesse sentido, quem ostenta algum tipo de autoridade, chame-se lonko, chame-se machi ou ngenpin, não gera relações de submissão com os membros da comunidade, devido a que o exercício da autoridade está relacionado estreitamente com o serviço” (Curivil, 1995).
  13. Na visão de mundo do povo mapuche, o ser humano considera-se integrado à dinâmica natural, é parte integrante dessa realidade. A natureza e o mundo são sagrados, portanto, o ser humano só pode usufruir dele, respeitosamente. O mundo e tudo o que ele contêm são dádivas divinas de Ngünechen, frente ao que o ser humano é submisso e agradece, contribuindo para a harmonia do cosmos. Para os mapuche existe a convicção de que quem não respeita essa ordem natural, perde a proteção divina e expõe-se ao mal em quaisquer das suas formas. Nessa perspectiva, as pessoas mapuche só podem tomar da natureza o que necessitam dela, cuidando que isso não implique em sua destruição; seu trabalho tampouco deve gerar uma dinâmica destrutiva desse meio, já que isso seria se opor à vontade do Criador.
  14. Para o mapuche , o ser humano vive em função do seu desenvolvimento espiritual, portanto, a satisfação das necessidades materiais não é uma meta, senão um meio que dá as condições para procurar o crescimento espiritual ou, em outras palavras, é parte do caminho, na medida que o limita, oferecendo dádivas e provações espirituais. Decorrente disso, na visão de mundo mapuche, a própria satisfação das necessidades materiais é condicionada pela espiritualidade da pessoa, sendo essa satisfação parte de um processo que também contribuirá para determinar o tipo de processo espiritual de cada ser humano. De qualquer maneira, o bem-estar material não é o objetivo final na vida do mapuche. “O lucro, no mais puro pensamento mapuche, parece ter sido um desvio conceitual, uma desordem e um atentado que prejudicam a convivência humana, pois produzem desnivelamentos sociais que conduzem à inveja e à vingança ou fillad kawün” (Alcamán e Araya 1993).
  15. Na atualidade é possivel afirmar que a situação das comunidades mapuche, em geral, é crítica, isso principalmente como consequência da assimilação e imposição de elementos de fora da sua cultura. Tudo começou com a implantação de um estilo de vida distinto, um comportamento distinto e uma concepção de mundo distinta; primeiro por parte do Estado chileno, logo pelas igrejas e seitas religiosas. No caso da igreja cristã, com a criação de escolas formais introduziu-se uma crença distinta, mudando não só a forma de conceber o Grande Espírito, a mãe natureza e o próprio mapuche, senão que mudando também a forma de entender, de compartilhar e de viver o mundo mapuche. Implanta-se uma super-estrutura organizacional ocidental e com isso, os conceitos de autoridade e de ordenamento social ocidental.
  16. Desse modo, as igrejas, as seitas religiosas, as escolas formais ou sistemáticas e o sistema de ordenamento e organização social promovidos pelo Estado chileno são, hoje, os grandes elementos que tendem a destruir o mundo mapuche.



Processo de perda do território Mapuche

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A tomada dos territórios tradicionalmente Mapuche localizados no atual país Chile.

A Terra Mapuche e o Mapa Político da Améria do Sul: uma comparação

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O território Mapuche tradicional está indicado em verde na imagem abaixo:

Ouvindo a voz dos Mapuche!

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Falar sobre os Mapuche não é fácil. Não temos muitos estudos publicados sobre as lutas desse povo, especialmente no Brasil. Já faz algum tempo que estamos buscando conhecer mais sobre o assunto e, há alguns meses atrás, descobrimos um livro chamado Sonhos e Lutas dos Mapuche do Chile da pesquisadora mapuche Elba Soto. Ela é uma socióloga nascida entre os mapuche, no Chile, e que veio estudar no Brasil. Elba Soto fez seu doutorado na Universidade de São Paulo. As pesquisas que ela realizou resultaram no livro publicado em 2007.

Conseguimos encontrar o livro de Elba Soto na biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, em Goiânia. Gostamos muito da análise da autora. Ela utiliza uma linguagem muito acessível e explica bem a situação dos mapuche desde o tempo da colonização espanhola. Outro ponto interessante sobre o livro é que ele traz muitas entrevistas realizadas com vários mapuche. Para fazer com que sua pesquisa tivesse profundidade, Elba Soto viajou para o Chile e visitou várias pessoas. Vamos apresentar abaixo algumas passagens retiradas do livro de Elba Soto que trazem relatos diretos dos próprios Mapuche. A autora não quis publicar o nome dos entrevistados para preservá-los de qualquer perseguição por parte do Estado do Chile e da polícia. Lembre-se que a entrevista é feita na forma de uma conversa normal do dia-a-dia e por isso o texto talvez pareça confuso.

Algumas palavras estão no idioma mapuche, o mapudungun. A palavra WINKA, por exemplo, significa “estrangeiro”, “forasteiro”. Você encontra um pequeno glossário explicando o significado de algumas palavras em mapudungun no final da História em Quadrinhos.

Começamos com um relato de infância de uma senhora mapuche:

Ah! Sim pois, eu quando fui, aqui, já fui menina já, pequenina, já fui dando-me conta, aqui onde morávamos nós, da pobreza toda (...) a pezinhos descalços andávamos, não tínhamos sapato nada, com uma telinha de vestido que minha mãe nos punha, não mais puh!, nós fomos sumamente pobre, pobre e fomos muito enganados pelos winka, fomos muito... sempre o winka a nós, nos iam humilhando (...) os mapuche não tínhamos valor [para os winka], os mapuche que somos éramos pobres. Olhavam-nos [aos mapuche] como igual que olhassem um bicho, para falar mais claro, [quando] íamos por aí, com os winka, com os inquilinos. Eu como já fui criancinha, depois já entrei a trabalhar com os inquilinos, eu aí, sempre me lembro, chegavam os mapuche [onde os winka]. Aí vem a china! Essa era a palavra que nos tinham. Aí vem a china! Já virá morta de fome a china! Por isso vem! E a mim me doía isso. Por que estava eu aí mesmo trabalhando? Dizia eu. Ver o que é, dizia eu! Estes winka porque têm, lhe tratam como cachorro a gente, tratam-lhe assim! E me sentia mal eu! Chegavam as senhoras assim, claro, mortas de fome, para falar mais claro. Sim, antes éramos pobres puh! Não achávamos com que trabalhar, não haviam bois, não havia nada! Vivíamos por aí, quase de esmola com os winka não mais, puh! Sempre humilhados pelos chilenos e não lhe tinham respeito ao mapuche! Sim, o mapuche, éramos, olhavam-lhes igual como ver, olhar um bicho, não mais. Assim que de por aí já nos criamos e como antes saíam muitas, muitas machas íamos ao mar, aí na praia de Quidico, pra baixo, até Lleu-Lleu abaixo. Sim, estavam as gentes enrachados puh!, tirando machas (...) levavam-nos por aí, por Purén a vendê-lo (...) já depois fomos meninas, saíamos a trabalhar, levávamos o machado no ombro por aí, cortando chocho, nós trabalhávamos igual como homem, eu sabia mais trabalho de homem antes da cozinha puh!, sofremos muito nós, sumamente. E tinha minha avó (...) arrancaram-me a terra, filha, dizia-me, os winka me enganaram, minha terra a deixei jogada, em Quidico, dizia-me. Aí tenho terra, mas eu não vendi meu terreno, dizia. Arrancaram de mim os winka, por um almude de trigo. Arrancaram-lhe a terra à minha avó! Isso (...) reclamem a terra, dizia. Que, agora nós vamos reclamar essa terra! Se o winka já a tomou já, puh! Assim que aí ficou essa terra toda, essa foi a pobreza maior que nós tivemos.  

A seguir mostramos uma história de como um senhor mapuche foi forçado a esquecer a sua língua (o mapudungun) na escola:

(...) o professor nos tirou o idioma, que nós falávamos como nos ensinava o pai. A língua mapuche! Proibiu-a! (...) estava eu como no segundo ano, aí falávamos ainda. Já depois não segui [falando]. Veio uma lei, parece, nenhum professor admitia [às crianças] falar em língua mapuche. Dizia-nos [o professor], porque às vezes falaram-me eles [os professores], que nós os enganávamos (...) podíamos fazer-lhes armadilhas, uma coisa dessas, e também porque não podem ler corretamente. Já, e quem falava mapuche (...) ajoelhavam-no com ervilhas, trigo, esse tipo de coisa, nos joelhos, com os joelhos nus. Quem fazia alguma coisa, desobedecia isso, algo assim... E que vamos fazer? E nós, o medo... que víamos outro colega ajoelhado. Também não! Pronto! (...) temos que falar em espanhol, não em mapuche. Proibido. O professor era Luciano Mora Lagos (...) depois não pudemos falar mais porque proibiu puh! Chegavam, golpeavam-nos e nós puh! Depois obrigados a aprender, aprender, aprender em espanhol (...)
Aí me lembro eu da escola, quando o professor nos disse: não queremos língua mapuche! [na escola, eles]. Então aí é onde me incomoda a mim. Digo (...) cortaram-nos e, no mais nosso, cortaram-nos! Então, aí onde nós devíamos ter aprendido para saber falar corretamente, igual como se sabe o espanhol. Mas, não nos deixaram! [eles]. Então, aí é onde eu me sinto incomodado puh! (...).

O texto seguinte nos fala de como os mapuche foram expulsos das suas terras e de como eles se colocam hoje, quando fala das tentativas de recuperação dessas terras.

(...) o winka se fez dono [da terra] expulsando-os, expulsando aos mapuche e quem não saía, [os winka] o matavam, [os winka] queimavam-lhe sua ruka, [os winka] faziam-se donos dos animais que tinham os mapuche. E nós como mapuche, a que winka temos matado quando fazemos conflito? Quanto tratamos de recuperação, falamos muitas vezes, dizem: Os mapuche estão metidos numa fazenda! Tomaram a terra! Não puh! Não é tomada de terra, é recuperação (...)

Vejamos um texto que fala de como os mapuche entendem os projetos do governo chileno voltados para a “pacificação”:

Não lhe vou agradecer jamais ao projeto [ao governo], porque neste Estado, neste regime que estamos vivendo, o projeto ou os projetos, não só da Area de Desenvolvimento do Lleu-Lleu, senão dos projetos que nos estão dando a nível, como mapuche, é nada mais manter o mapuche tranquilo, conformado e que esteja muito à espera dos projetos e com isso deixar passar um processo político, seis anos mais, seis anos mais, seis anos mais, (...) se vai reduzindo [o mapuche], muito tranquilo (...) com uma grande tranquilidade e (...) não lhe serve os projetos aos mapuche (...) uma má intenção, não é uma boa intenção para o povo mapuche.   

Sobre a exploração irracional da natureza realizada pelas indústrias:

Há tempos já que secou a água por aqui, mas todos dizem que pela euca [refere-se ao eucalipto plantado pelas empresas] (...) sim, agora pura euca, quando havia isso antes? (...) mas agora, para o lado que vai, puh! (...). Assim com o tempo, nem água vamos ter, dizem que a euca está chupando a água.
O caminho [a estrada] (...) tem sido nada mais que para as transnacionais, sabemos que aqui estamos invadidos de bosques de pinhos e de eucalipto, e quem são os que fazem os caminhos, somos os trabalhadores para as empresas florestais transnacionais Mininco e Volterra, então para nós, estamos [sendo] usados, mais nada.

Para terminar, um relato de um avô mapuche que se lembra da vida dos seus próprios avós (ou seja, há muito tempo atrás):

Sim, sim, lembro (...) conheci os avós (...) eles nos conversavam a nós, éramos criancinhas mas escutávamos sua conversa, era muito lastimoso, claro que criança... nós os escutávamos nada mais. Mas (...) quando fizemos mais ou menos 20 anos pra cima, como que percebemos, percebemos, de ver [o] que eles sofreram. Trabalhavam nas fazendas de [por] aqui, eles [trabalhavam] em Tranaquepe, fundo Tranaquepe dos Esperguer (...) às cinco, quatro da manhã, já eles iam para o trabalho, a trabalhar, saíam da sua casa com estrelas, nós éramos criancinhas (...) nós gostávamos de dormir, de dormir, porque o menino é assim, puh! Era incômodo quando eles iam empeçar a levantar-se, a fazer fogo (...) e se iam pra trabalhar. Lá tinham que estar no mínimo já às seis da manhã. E daí com estrelas já os repartiam ao seu trabalho. E isso eles nos conversavam a nós e por isso nós sabemos e também alcançamos a conhecer um pouquinho disso... e às vezes aí eles acumulavam doenças, enfermaram-se, puh! Pelo gelo. A alguns os mandavam [a trabalhar] ao canal, a canalizar puh! Dentro da água. E como canalizavam? Com sandálias de borracha, pra não pisar espinhas ou algo assim. Mas, dizem que não aguentavam [o frio] por aí, faziam fogo, saíam. Mas, cuidado que os flagrassem, o mordomo (como lhe diziam antes, à pessoa que dirigia o trabalho). Se o flagrava aí ou descansando. [Fora!] Já! Senhor! E senão o castigavam pisando-o de cavalo. Isso nos contavam os avós a nós (...) aí choravam puh! O que sofremos diziam, somos discriminados diziam os velhinhos. Quando será o dia, diziam, que deixemos de sofrer? (...) 

História em Quadrinhos Mapuche - volume 1

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Galera, vocês vão encontrar a história em quadrinhos sobre os Mapuche seguindo o endereço abaixo:


http://enfezados.blogspot.com/

IMPACT - Volume 1

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É com muito orgulho que apresentamos a super mega ultra legal história em quadrinhos dos aventureiros Paulo Vinícius, Vinícius, Leonardo Israel e Leonardo Firmino! Inspirados pelo desenho animado e cheios de muita criatividade, os carinhas inventaram todo um novo time para o Super Onze! São seis Volumes. Curtam o primeiro:
(clique nas imagens para ampliar)







A Predestinada - Parte III

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Continuando as postagens do livro de Lara F. (8°C)

A PREDESTINADA – PARTE III

Capítulo 8 – Isso é repugnante

Sentei enquanto passava a animada música de abertura, mas eu não dei muita atenção. Então, comecei a pensar. Amanhã. Meu. Aniversário. Eu não gosto nem um pouco de festas. Eu me sinto muito deslocada. A essa altura eu já era praticamente uma adolescente. Só mais um ano para que eu fosse para o primeiro ano do Ensino Médio. E quando será meu primeiro beijo? Era repugnante só de pensar! Quem beijaria alguém como eu? De repente, fui interrompida de meus repugnantes pensamentos  para ouvir Ellie falar:
- Então Izzie, ouvi dizer que o David tá a fim de você! Vai fala, ele até que é bonitinho!
- Ele é maravilhoso! Perfeito! – respondeu Alexa muito empolgada.
- Hã... É verdade?! Sabem, eu, nunca reparei nele. – eu disse meio sem jeito.
- Em que mundo você vive? – gritou Sam – ela tem um rosto que foi esculpido por anjos! E é muito inteligente também.
- Sam, pare de gritar! – sussurrou Carly – ou você quer que nos expulssem daqui?!
- Desculpa. Foi mal!
- Foi péssimo!
Então, depois de ouvir todos esses comentários, comecei a pensar, ou melhor, lembrar do rosto do David. Ele tinha cabelos castanhos e compridos, olhos verdes e um lindo rosto. Sam tinha razão! Ele era lindo! E ainda era inteligente! Sem nenhuma dúvida ele era bonito. E eu não sei como posso pensar nisso, mas... Gosto de garotos inteligentes. Ai meu Deus! Como eu posso pensar nisso?! Eu nunca me interessei por garoto algum!
Antes que eu pudesse continuar com meus amorosos e repugnantes pensamentos, peguei num sono. Quando acordei, já estava na hora de ir embora. Acordei com os gritos altos e agudos de Sam que, além de me acordar, me assustaram.
- Bom dia, Bela Adormecida! – a linda voz de Alexa me acordara de vez.
- Dormiu bem? Claro que sim! Você dormiu praticamente o filme inteiro!
- Alexa, deixa ela! – Disse Ellie.
- Alexa tem razão! – admitiu Carly – Ela precisa acordar, já está na hora de ir embora.

Capítulo 9 – Tá quase no fim

Quando acordei, o filme tinha acabado, mas não me importei.
- Ok, vamos comer uma pizza! – sugeriu Sam – de calabreza!
- Não! Vamos comer comida chinesa! É mais gostoso e não tem tantas calorias! – rebateu Alexa.
- Você tá de regime de novo?! – gritou Carly – Sua mãe é maluca!
- Por que você faz isso, Alexa? – perguntou Ellie.
- Fazer o quê? Do que vocês estão falando? – perguntei confusa.
- É que a mãe da Alexa obriga ela a fazer regime. Sete dias por semana! Ela não pode comer mais de 550 calorias por dia! – explicou-me Ellie – a mãe dela acha que a Alexa sempre está... bem... gorda.
Eu não sabia o que dizer. É claro que eu não concordava porque Alexa não era nem um pouco gorda.
- Ok! – gritou Carly – Alexa, você come comida japonesa e eu, a Sam, a Ellie e a Izzie comemos pizza, tá?!
- Certo! – dissemos todas juntas – Vamos!
Continuamos andando em direção a praça de alimentação.
- Gente! – todas nós olhamos para Ellie – eu e a Izzie vamos procurar um lugar pra sentar e a Sam e Carly vão comprar a pizza junto com a Alexa. E depois vocês pedem a comida chinesa, ok?!
Sacudi a cabeça.
- Vamos Izzie!
- Tà... tá bom!
Segui Ellie procurando uma mesa vazia e limpa. Logo encontramos. Enquanto eu sentava, Ellie me fazia mais e mais perguntas:
- E aí, Izzie. É verdade que amanhã é seu aniversário?!

Capítulo 10 – Queria enfiar minha cabeça num buraco

Eu queria sair correndo. Queria enfiar minha cabeça num buraco para não precisar responder.
- Hã... é... é sim.... Por que?
- Ah, por nada. É que normalmente, quando uma de nós faz aniversário...
- Não! Para! – consegui dizer focada – eu não gosto nem um pouco de festas!
- Ok. Desculpe! Mas como eu dizia, quando uma de nós faz aniversário, nós fazemos uma festa do pijama.
- Festa do pijama?
- É! Sabe, é muito divertido! Dá última vez foi o aniversário da Carly. Ela pegou a barraca da mãe dela, que é gigantesca, e nós montamos lá no quintal da casa dela. Foi muito divertido! Memorável! A Alexa levou o MP5 dela aí a gente começou a dançar, a Sam levou uns jogos e a Carly pegou a TV portátil dos pais dela, aí a gente pode ver uns filmes também. Ah, e eu levei a minha máquina digital e nós tiramos umas 50 fotos!
- Que legal! – parece mesmo que foi divertido – quando foi?
- Foi mês passado.
Desviei o meu olhar de Ellie para ajudar a Sam e Carly a carregar a pizza.
- De que sabor é? – perguntei.
- É de calabresa, a metade da direita é de frango, a metade da esquerda com bordas de maionese.
Eu não comia pizza a quase um mês. Mas eu gostava, ou melhor, eu comia. Comecei a comer meu pedaço de pizza.
- Meninas, assim que a gente terminar de comer vamos à loja de roupas tirar umas fotos? – perguntou Carly.
- Vamos! – gritaram Sam, Ellie e Alexa.
- Pra quê? – perguntei.
- Pra tirar umas fotos com umas roupas legais e BEM caras, roupas de grife! É divertido!
- Você vai gostar Izzie! – garantiu-me Ellie.
Logo após, eu terminei de comer.
- Ok! Agora vamos? – perguntou Sam.
Eu fui a última a terminar de comer. Todas (inclusive eu) levantamos e começamos a andar. Imagina, indo para a loja de roupas de grife caras e legais.